A Mulher no contexto Profissional

domingo, 21 de dezembro de 2008

     Nos últimos dias tenho prestado uma assessoria à Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social - FGTAS, na área de Capacitação e Competências Profissionais para a Indústria. O FGTAS lançou um programa a fim de qualificar a mão-de-obra da indústria do RS. 

     No entanto, o que mais me chamou a atenção foi o fato de que 97% do grupo, inscrito no Programa, é formado por mulheres. Nada contra e até bem pelo contrário. Acredito que as mulheres "colocam os homens no bolso" na maioria das atividades profissionais. 

      O "x da questão" é: Onde foi parar a força de trabalho masculina!!??Pergunto isto pois observo muitos cidadãos por aí, vagando sem rumo, pedindo esmola, em condições desumanas, enfim. 

     No entanto, quando surge uma oportunidade gratuita, com direito a alimentação, transporte, conhecimento técnico e convívio social, estes mesmos, os homens, não comparecem. Por acaso você já viu alguma mulher mendigando nos semáforos? Pois é, se viu foi em um raro momento, pois as mulheres vão atrás, batalham por seus ideais deixando de lado quaisquer sentimentos negativos. E o mais interessante, fazem tudo com muito orgulho e alegria. 

    A criação de empregos deve ser o principal objeto de desenvolvimento e as mulheres devem, necessariamente, ser consideradas como sujeitos das políticas de emprego e de capacitação profissional. É relacionado à luta de mulheres trabalhadoras o fato histórico que está na origem do 8 de março, como Dia Internacional da Mulher. O que marcou esse dia foi um episódio trágico da morte de operárias norte-americanas, em 1857, vítimas de repressão brutal, quando reivindicavam condições dignas de trabalho. Em 1910, no Congresso das Mulheres Socialistas, esse dia foi promulgado como o Dia Internacional da Mulher. Relembrar essa origem impulsiona a tomar a questão do trabalho das mulheres como um ponto central do debate político sobre a política pública no país.

Percorrendo a história da revolução industrial, encontramos, desde o seu início, a presença das trabalhadoras assalariadas. Vale ressaltar que a mão-de-obra feminina foi numerosa e fundamental no desenvolvimento da indústria têxtil, a qual esteve no centro desse processo de transformação. Quando recordamos a história do Brasil com olhos que buscam as mulheres trabalhadoras, serão encontradas, entre outras trabalhadoras, as mulheres negras que trabalharam nas casas-grande, como amas e criadas, sujeitas, muitas vezes, à violência física e sexual. Apesar disto, percebe-se uma persistente negação histórica em considerar as mulheres como parte da classe trabalhadora, ontem e hoje. 

     Atualmente, a inserção das mulheres no mercado de trabalho formal e informal se expandiu. O contingente feminino chega a mais de 40% da força de trabalho em diversos países avançados, mas tem sido absorvido, sobretudo, no universo do trabalho precarizado e desvalorizado. 

     No Brasil, o emprego doméstico tem um peso importante no mercado de trabalho para as mulheres, com maior peso para as mulheres negras. As empregadas domésticas constituem uma das maiores categorias de trabalhadoras do país: do total de empregadas/os nesse setor, 95% são mulheres (OIT, 2006). 

     A maioria das mulheres trabalhadoras está na informalidade. Trazendo isto para a realidade mais próxima, segundo o DIEESE (2005), mais de 40% das mulheres não negras ocupam postos vulneráveis de trabalho e, entre as mulheres negras, esse contingente se eleva para mais da metade. O trabalho informal nega, no presente, o acesso aos direitos trabalhistas e, para o futuro, significa uma maturidade sem proteção social e renda: no Nordeste, mais de 70% das mulheres não contribuem e, portanto, estão mais distantes de terem acesso a uma aposentadoria ou à proteção social asseguradas pela Previdência Social. No campo brasileiro, as mulheres são 39% das pessoas ocupadas em atividades agrícolas não remuneradas e 42% das ocupadas na produção para o consumo (PNAD, IBGE, 2003).

Acredito que deve-se insistir sobre duas questões: 

  • A criação de empregos deve se constituir em questão central do desenvolvimento, aliada à garantia de direitos trabalhistas e as mulheres devem, necessariamente, ser consideradas como sujeitos das políticas de emprego e de capacitação profissional;
  • Acesso à terra e ao crédito, no caso das mulheres do campo.

Sendo assim, deixo esta mensagem e desejo Sucesso a estas trabalhadoras do meu Brasil Varonil!!!

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